Tive o prazer, mesmo que por pouco tempo, de conversar exclusivamente com Fabio Porchat e Gregório Duvivier, dois dos principais integrantes do grupo. Foi um momento muito marcante pois estava tendo o privilégio que centenas de pessoas, que estavam lá para garantir um autógrafo de seus ídolos, gostariam de ter.
Para estrear o blog com estilo, o meu (breve) bate-papo com Porchat e Gregório:
Fabio Porchat
De onde surgiu a ideia de lançar um livro com as esquetes do Porta? Qual é a intenção?
A sextante propôs de a gente lançar o livro, mas não sabia
exatamente do que. Ai a gente propôs: por que não usar os roteiros que estavam
prontos, faz uma seleção e lança como se fosse um DVD lido? Tem os extras, tem
fotos, tem imagem, tem os textos, e na hora eles toparam. É mais uma forma de
levar o conteúdo do Porta dos Fundos para lugares onde talvez não chegue a
internet, mas chega o livro, tem essa pegada também. As pessoas perguntam: “vocês estão indo para os livros?", mas não, pelo
contrário, a gente parte do texto escrito sempre, então é onde tudo começou, é
o principio de tudo.
Vocês já receberam propostas para ir para a TV?
A gente nunca recebeu nenhuma proposta concreta, do tipo: “queremos
vocês amanhã, toma aqui 50 reais, vem para cá”. Mas já conversamos com varias
emissoras, já conversamos com a Globo, Rede TV!, Multishow, em todos os casos as
pessoas foram muito abertas, isso foi legal. Mas a gente também nunca deu
nenhuma proposta para eles. Se a gente tivesse que mudar alguma coisa, não iríamos
para a TV, a gente só pode ir para a TV se souber que aquilo que a gente está fazendo
vai daquele jeito. É claro que a gente tem que ter consciência para quem estamos
falando, é muito diferente você fazer humor para a TV aberta, para o cinema,
teatro.
Como foi a experiência de fazer vídeos publicitários?
É um meio de sobrevivência, a gente ganha dinheiro assim. O que
a gente faz na propaganda é que a gente ouve o cliente. Não adianta para a Fiat
você fazer um vídeo sobre livraria. Mas o que a gente tenta sempre lutar pra
fazer é dar a palavra final do vídeo. É o que a gente sabe fazer, é vídeo de
humor, a gente não sabe fazer propaganda então tentamos adequar a ideia do
cliente para o nosso vídeo, mas a palavra final é nossa.
Vocês tem muitos vídeos polêmicos que tocam em assuntos como religião, homossexualidade. Vocês sofrem muitas críticas por esses vídeos? Muita gente já deixou de assistir vocês por causa disso?
Eu não acho que os nossos vídeos são polêmicos, acho que
eles podem pegar temas que podem ser polêmicos. A gente nunca teve problema, nunca fomos processados, nada. Não sei, com certeza alguém já deixou de ver por causa disso,
mas também acho que muita gente passou a assistir por causa disso. A gente tem em
media 55 milhões de visualizações por mês e é o maior canal de humor do mundo
em visualização. Quem quiser assistir, assiste, quem não quiser não assiste.
Por quê você quase sempre faz papel de homossexual ou travesti?
(Risos) Realmente, eu faço um gay na Grande Família, no Concurso também. Na verdade eu vestido de travesti é muito mais marcante do que eu vestido de Fabio. Mas no Vai que Dá Certo eu não faço um gay, nem no Meu Passado me Condena. Mas sou totalmente a favor da causa, tem que adotar, tem que casar e acho que as pessoas ainda não estão preparadas para isso. Eu vi pelo vídeo A Regra É Clara, que eu fiz com o Gregório, que a gente se beija no final e as pessoas tomaram um susto, muitas pessoas reagiram mal, negativamente e eu acho super legal a gente fazer vídeos que batam de frente com isso. Mas a gente nunca quer fazer um vídeo em prol de uma causa, a gente quer ser engraçado
Como vai ser o filme do Porta dos Fundos?
Vai ser uma historia mesmo, não são esquetes, uma historia
com começo meio e fim, com os mesmos atores do porta, os mesmos redatores e o
diretor, que é o Ian, então vai ter a mesma pegada, a mesma força. São historias
que se cruzam e vão se encontrando, tipo Pulp Fiction, será o Pulp Fiction da
comedia, olha que pretensão a minha (hahaha). Começamos a filmar em outubro,
serão 5 semanas de filmagem, e previsão de estreia para o ano que vem. Mas
cinema é aquela coisa, a gente faz e lança em 2078, mas se tudo der certo, no
ano que vem estreia. O tema central é um grupo de amigos que se contra pra se
divertir e o que acontece antes e depois disso.
Gregório Duvivier
Como funciona o processo de criação das esquetes?
Em geral cada um tem a ideia sozinho, ou conversando com o
outro. Aí a gente chega numa reunião cada um com 2 textos. Como somos 4
roteiristas, eu, Fábio, Esteves e o Tabet, no total são 8 textos, e desses 8
textos a gente escolhe 2. Do resto, ou a gente joga fora ou reescreve até ficar
legal, a maioria a gente reescreve.
Vocês já receberam muitas propostas para ir para a TV?
Mil propostas, mas nenhuma que a gente falou é isso que a
gente quer. Não faz muito sentido hoje em dia, na intenet a gente alcança um
número enorme de pessoas, elas assistem o que elas quiserem e aonde elas
quiserem, a gente na televisão vai atingir um numero menor de pessoas que vão
assistir uma vez por semana, e em casa. A gente está sobretudo muito feliz na
internet, até por que é uma plataforma livre onde a gente fala o que a gente quiser,
do jeito que a gente quiser. A televisão é uma empresa grande governada por
anunciantes, o youtube também, só que a diferença é que eles não interferem em
conteúdo, as emissoras todas interferem no conteúdo e nenhuma delas compra a
nossa briga
Imaginava que o Porta iria chegar nesse nível e ganhar toda essa proporção?
Acho que ninguém imaginava tamanho sucesso, são 400 milhões
de views num ano em um canal só, média de 1 milhão por dia. Tomara que o
próximo ano seja tão bom quanto esse.
Tem medo do canal perder força ou ficar estagnado?
Tenho medo de aumentar, maior que isso vai ser
enlouquecedor (kkk). Diminuir acho difícil porque a linha é sempre crescente. Pode
ser que diminua, mas o legal do porta é que esse compromisso da fidelidade de
segunda e quinta as 11 horas. Ele gera uma espera pelo próximo vídeo que só aumenta e
só faz aumentar a quantidade de expectadores, que vão compartilhando e chamando mais gente pra assistir. Então, de modo geral, vai sendo uma escala exponencial.
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